Espera-se que a Apple lance uma versão nova e aprimorada de seu software para iPhone, iOS 17, no evento WWDC 2023 de junho. Como um relógio, uma atualização anual para o conjunto de recursos de software do iPhone estreia na conferência anual de desenvolvedores, dando aos desenvolvedores uma visão geral dos novos truques e ferramentas que eles poderão incorporar em seus serviços e aplicativos. Mas o iOS 17 pode marcar uma mudança fundamental para a empresa, que parece estar prestes a abrir seu smartphone para lojas de aplicativos de terceiros pela primeira vez.
O informante confiável da Apple, Mark Gurman, afirma em seu boletim informativo Power On (abre em nova aba) que a capacidade de ‘carregar’ aplicativos – enviar aplicativos para dispositivos de fora da App Store oficial da Apple – será possível devido aos novos regulamentos da União Européia que a Apple deve cumprir até o próximo ano.
A ideia é permitir mais competição ao criar aplicativos para os dispositivos móveis dominantes da Apple, sem estar sujeito às taxas de 15 a 30% da Apple (em teoria) como parte da Lei de Mercados Digitais da UE. A Apple deve cumprir até 6 de março de 2024, o que torna a WWDC o momento perfeito para revelar como o recurso funcionará – mesmo que espere até o último minuto para realmente tornar o recurso ativo. Por ser uma decisão da UE, a Apple não tem obrigação de seguir o exemplo em outros lugares do mundo, embora, se for popular, outros governos possam se sentir obrigados a implementar regras semelhantes.
Além da App Store
Não é apenas a App Store que será afetada pela mudança do Digital Markets Act. Serviços de mensagens como Messages e FaceTime precisarão de mudanças, pois as novas regras exigem interoperabilidade entre plataformas de mensagens rivais. Alternativas do Apple Pay usando a tecnologia NFC em iPhones, bem como acesso mais aberto ao Find My Network para fabricantes de acessórios e aplicativos, também podem ser impostas à Apple.
Uma das mudanças mais significativas, porém, também envolve um requisito para permitir sistemas de pagamento de terceiros em aplicativos, ignorando completamente os sistemas financeiros da Apple. Caso a Apple não cumpra as propostas do Digital Markets Act, pode ser multada em até US$ 80 bilhões – 20% de sua receita global em todo o mundo e uma taxa difícil de absorver mesmo para uma empresa tão rica quanto a Apple.
A defesa da Apple contra o carregamento lateral sempre foi a segurança de seus dispositivos e usuários – ao manter tudo bloqueado nos próprios sistemas internos da Apple, ela acredita que pode proteger melhor a privacidade de seus clientes, que podem ser expostos a hacks e golpes se fontes de terceiros não seguem os mesmos padrões de sua App Store. Essa batalha pode se tornar discutível, no entanto, nos próximos meses, já que a Apple tem pouco espaço de manobra a não ser seguir a decisão da UE, caso deseje continuar negociando no mercado.